Como ‘gatificar’ a casa? Especialistas contam como receber os novos pets

Para os especialistas, a criação de um ambiente estimulante para os gatos a pela implementação de elementos que atendam tanto às suas necessidades fisiológicas quanto aos instintos naturais.

Segundo Leonardo Otero, os itens devem ser distribuídos de acordo com a função. “Eles devem existir em quantidade suficiente para o número de gatos residentes, permitindo que os pets exerçam seus comportamentos naturais de predador através de brincadeiras”, explica.

Além disso, ele destaca que a interação humano-felino deve ser sempre positiva, consistente e previsível, assim como o ambiente deve respeitar o olfato dos gatos — evitando-se o uso de perfumes fortes, produtos de limpeza com cheiro e odores de outros animais que não pertençam ao grupo.

Já Lysandra Barbieri enfatiza que a “gatificação” bem planejada deve incluir diversos elementos que atendam aos instintos e comportamentos naturais dos gatos. Confira os principais a seguir.

• Prateleiras, pontes e torres: preferencialmente instaladas na vertical, permitem que o gato explore alturas e observe o ambiente com segurança.
• Arranhadores, tocas e brinquedos: podem estar dispostos tanto na vertical quanto na horizontal, estimulando o enriquecimento físico e mental dos gatos.
• Caixas de areia: devem ser posicionadas de forma estratégica, em locais tranquilos e de fácil o, além de serem higienizadas com frequência para garantir o conforto e a aceitação do gato.
• Camas e áreas de descanso: idealmente colocadas em locais mais calmos e elevados, acompanhando o comportamento observador e territorial dos felinos.

No caso de tutores que dispõem de pouco espaço, a adaptação pode parecer um desafio. Contudo, um pouco de criatividade pode ajudar a proporcionar um bom ambiente para os gatos.

“Para quem tem pouco espaço, a gatificação pode parecer difícil, mas ainda é possível”, analisa Leonardo Otero. Por isso, o especialista em comportamento felino sugere: “Procure setorizar as áreas de acordo com a atividade (banheiro, alimentação, hidratação e descanso/brincadeira), deixando os recursos o mais espaçados possível dentro das suas possibilidades.”

Lysandra propõe ainda uma outra estratégia: apostar na verticalidade do ambiente. Nesse cenário, veterinária orienta sobre o uso de prateleiras, pontes e nichos elevados como forma de aumentar a área útil.

Outro facilitador apontado por ela é o uso de brinquedos pendurados, arranhadores de canto e itens compactos, como túneis dobráveis, para estimular o movimento e esconderijos sem comprometer o espaço.

Quem quer transformar o lar em um espaço acolhedor para os felinos pode cometer alguns erros que prejudicam o bem-estar do pet. “Na hora de adaptar o ambiente para o gato, lembre-se de que os recursos precisam ser fornecidos em quantidade e tamanho suficientes. Portanto, nada de comprar arranhadores de 20cm de altura que irão tombar logo no primeiro uso, ou deixar comida, água e banheiro todos próximos”, orienta Leonardo.

Complementando essa visão, Lysandra destaca que gatos são animais naturalmente observadores e gostam de acompanhar tudo ao redor — e, de preferência, do alto. “Por isso, uma das melhores formas de gatificar o ambiente é verticalizando o espaço, com o uso de prateleiras, nichos e estruturas elevadas, que permitam ao gato explorar e se sentir seguro ao observar o ambiente”, indica.

A veterinária também ressalta que colocar a caixa de areia em locais barulhentos ou posicionar brinquedos em áreas pouco convidativas pode gerar estresse e rejeição, reforçando a importância de considerar a personalidade de cada felino na organização do espaço.

Na prática, cada gato tem uma personalidade única, o que pode demandar uma adaptação personalizada do espaço. “Assim como com os humanos, ao longo da convivência com o seu gatinho, você irá entender as preferências dele para uma melhor adequação do ambiente”, diz Leonardo.

Segundo o especialista, essa observação possibilita, por exemplo, o ajuste de materiais ou distribuição dos elementos de acordo com os gostos específicos do pet.

Já Lysandra Barbieri aconselha: “observar o comportamento do seu pet é essencial para oferecer um ambiente que realmente atenda às suas necessidades”.

Ela detalha que gatos mais ativos se beneficiam de brinquedos interativos e circuitos verticais, enquanto os mais reservados preferem esconderijos seguros e locais tranquilos. Já para os idosos ou com mobilidade reduzida, adaptações como rampas e prateleiras íveis podem garantir que o espaço continue estimulante e seguro.

“A principal recomendação com relação à gatificação para as chamadas casas multicat é de que os recursos estejam disponíveis em quantidade suficiente para o número de gatos habitantes no espaço, para evitar que o local se transforme em uma verdadeira zona de guerra na disputa por tais recursos”, aconselha Leonardo.

Complementando essa perspectiva, Lysandra Barbieri enfatiza que é necessário haver uma opção para cada gato. “Caixas de areia, esconderijos, tocas, comedouros e bebedores devem ser oferecidos em quantidades que evitem a disputa e permitam uma convivência mais harmoniosa e segura”, reforça.

Para a tutora Ivani Reis, que é professora de educação física e protetora independente de animais, a gatificação do apartamento de 55 m² onde mora ajuda a garantir proteção e conforto de seus 10 gatos, que são: Thomas, Teo, Aurora, Catarina, Juju, Paizinho, Mãezinha, Lorenzo, Miguel e Chico. “Todos eles foram resgatados de alguma situação de risco. Por isso, meu apartamento é telado, incluindo todas as janelas, até a do banheiro, e o terraço”, explica.

Ela defende que gatos não tenham o à rua por conta de riscos, como atropelamentos, envenenamentos e ataques. “Isso também evita brigas, onde eles podem contrair doenças”, destaca. Por isso, a gatificação foi uma aliada, já que garante mais bem-estar aos felinos. Os dois quartos têm do apartamento prateleiras para que os gatos possam subir, além de uma torre na sala como tocas. Pelo espaço, também há camas e brinquedos para entreter os gatos. “Na verdade, a casa é deles, eu só istro e pago as contas”, brinca.

Outra mudança que Ivani fez  foi a inclusão de uma porta de vidro. “Ela divide o apartamento ao meio para separar os gatos quando há essa necessidade”, diz, referindo-se ao período em que chegavam novos pets que avam por adaptação pós-resgate. “Hoje essa porta fica sempre aberta porque todos os gatos se dão super bem”, comemora.

Uma vez que o espaço seja gatificado, ainda é preciso observar os felinos para identificar se há necessidade de ajustes no ambiente.

“Esteja atento ao comportamento que seu pet demonstra naturalmente, ficando sempre alerta a qualquer deslocamento de atividade. Por exemplo, se seu gatinho começar a urinar fora da caixa de areia, está na hora de investigar se há algo relacionado ao tamanho e disposição da caixa ou, ainda, se há alguma questão de saúde física envolvida”, orienta.

Lysandra Barbieri também recomenda observar aspectos como agressividade repentina, marcação de território excessiva ou mudanças no apetite, padrão de sono e comportamento. “Esses podem ser sinais de alerta”, conclui.